quarta-feira, 19 de junho de 2019

O QUE É A ETNOMETODOLOGIA?

por Ana Idalina Carvalho Nunes

Harold Garfinkel. Disp. em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Harold_Garfinkel.jpg

Trabalho da disciplina"Retórica, Racionalidade e ação: modelos linguísticos", apresentado ao prof. dr. Raul Francisco Magalhães, durante o mestrado em Ciências Sociais na Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCSO/UFJF, 2016)


1. Introdução


          O presente artigo tem como objetivo lançar um olhar sobre a etnometodologia, abordagem sociológica qualitativa criada por Harold Garfinkel na década de 1960 para analisar os fenômenos sociais que envolvem a fala e a ação. A estrutura do texto trará, na ordem exata aqui apresentada, o contexto histórico do surgimento da etnometodologia, os conceitos e elementos constitutivos da teoria e a sua aplicabilidade no campo da pesquisa científica.
          Inicialmente, é importante considerar a obra de Garfinkel que simboliza o marco inicial da etnometodologia na sociologia americana é Stuties in Ethnomethodolgy, publicada em 1967. Trata-se de um livro composto por oito capítulos que trazem estudos exploratórios onde o autor tenta situar o ponto mais firme de sua trajetória intelectual, expondo para a sociologia um fenômeno que, embora pareça óbvio demais, é ignorado nas reflexões dos cientistas sociais: a realização cotidiana da vida social. De acordo com o prefácio da edição brasileira do livro de Garfinkel,

O simples fato de as pessoas se cumprimentarem, seguirem regras de trânsito, ou confiarem em uma instrução dada por um professor implica estruturas de ação que são postas em movimento, sem que ninguém se dê conta de sua complexidade e da suposição de que tais regras estão igualmente operantes nas mentes e corpos dos outros. Se essas ideias nos parecem normais dentro do escopo geral de certa teoria social contemporânea, não se pode dizer o mesmo ao final dos anos 1960, quando Garfinkel desafiava o pensamento sistêmico dominante na sociologia, aquele que partia do pressuposto de que os indivíduos agem por regras que são internalizadas (GARFINKEL,2014, p.8)
           
          Segundo a etnometodologia, apesar do impacto do caráter imperativo das regras sociais sobre os indivíduos, para analisar a vida social é preciso avaliar o contexto em que as ações e as falas ocorrem na vida cotidiana. Partindo desse princípio, a etnometodologia apresenta uma crítica ao modo como são realizadas as pesquisas quantitativas - que focam no registro de dados, deixando em segundo plano o processo como esses dados são constituídos - traz a hipótese de que o resultado obtido na pesquisa sociológica da escola tradicional não consegue traçar um retrato fiel da realidade, já que não apresenta o modo como essa realidade foi construída. Através dessa crítica, a etnometodologia rompe com a sociologia tradicional, apontando que todos os indivíduos podem ser considerados como sociólogos, na prática, e que os grupos sociais aos quais esses indivíduos se integram são capazes de compreender, descrever, comentar e analisar a si mesmos. Partindo dessa premissa, a etnometologia utiliza-se dos etnométodos, para interpretar e colocar em ação na rotina das suas atividades do dia a dia as práticas que possam lhes permitir o reconhecimento do próprio mundo. Esses etnométodos contribuem para que seu mundo se torne familiar e possibilitam que as pessoas possam construí-lo cotidianamente. Essa descrição, interpretação e construção do mundo social pelas pessoas é o objeto de estudo da etnometodologia . Privilegiando a abordagem microssociológica, ela lança luz sobre as interpretações, trazendo para o centro das discussões o ator, que passa a ser visto como autor, já que ele constrói, a partir das interações sociais, o seu mundo social. O entendimento de mundo que esse indivíduo apresenta é o centro da pesquisa etnometodológica.

2. Contextualização da etnometodologia de Harold Garfinkel

          Harold Garfinkel recebeu influência direta de dois nomes, em especial, no desenvolvimento de suas teorias: Talkott Parsons e Alfred Schütz. Do primeiro, ele foi aluno no Departamento de Relações Sociais na Universidade de Harvard. Entretanto, embora tenha iniciado sua carreira sob a supervisão de seu mestre, Garfinkel recebeu uma maior influência de Schütz, cujas teorias lhe serviram como ponto de referência para os seus estudos posteriores. Garfinkel foi professor emérito na Universidade da Califórnia, Los Angeles até a sua morte, em 21 de abril de 2011.
           É importante destacar que, no período do surgimento da etnometodologia, o mundo todo, especialmente a sociedade dos Estados Unidos, passava por grandes transformações em sua estrutura, com a emergência de discussões ideológicas e políticas envolvendo questões sociais e econômicas – levantando questionamentos sobre a posição do indivíduo na sociedade, que passava a ser visto como livre para mudar a direção do cenário social da época. Esse contexto justifica a preocupação de Garfinkel em estudar as ações e as falas das pessoas comuns e utilizar tal análise para compreender a organização social. 
           A quase totalidade da produção científica de Garfinkel foi publicada em artigos e relatórios que se transformaram, posteriormente, em capítulos de livros. Assim, para compreender o desenvolvimento de suas ideias, é preciso contextualizá-las no tempo. “Vendo sociologicamente”, por exemplo, publicado em 2006, na verdade foi produzido dois anos antes de sua ida para Harvard e consistia num esboço que fizera de seu projeto da dissertação. Outro dos seus artigos, intitulado “Rumo a uma teoria sociológica da informação”, igualmente foi escrito no período em que Garfinkel era estudante. Serviu-lhe, neste artigo, como base, um relatório escrito conjuntamente com o Projeto de Comportamento Organizacional na Universidade de Princeton, em 1952. “Estudos em Etnometodologia” reuniu alguns dos primeiros estudos de Garfinkel sobre o assunto. E esse processo de reunir textos escritos anteriormente, publicados ou não, se deu em outras obras de Garfinkel que surgiram depois. 
           É necessário ainda, para compreender as ideias de Garfinkel, lançar luz sobre as teorias de seu mestre Talcott Parsons e de Alfred Schütz , o criador da fenomenologia social, os dois nomes que exerceram a mais forte influência sobre ele na construção de sua teoria. Discordante das ideias de Parsons, Garfinkel buscou desenvolver argumentos que pudessem fundamentar suas críticas, especialmente no referente à teoria de “dinâmica social” de seu mestre. O grande questionamento de Garfinkel no referente às ideias de Parsons se referiam aos paradigmas normativos da ação humana que, para seu mestre, levavam em conta, prioritariamente, a regulação apriorística das atividades da conduta humana. A dúvida de Garfinkel consistia em identificar qual racionalidade poderia ser imprescindível para a conduta humana, dentro no pensamento de Parsons que, tendo em suas ideias a marca do pensamento neokantiano, acreditava na neutralidade quase total da cognoscitividade na
conduta dos indivíduos. Para Parsons, o que servia de norte para as pessoas seria uma acentuada racionalidade científica, através da qual as suas ações seriam definidas e definiriam também as regras de conduta dentro da sociedade. Dentro desse quadro, as motivações dos atores se mostravam integrados em paradigmas normativos reguladores das ações sociais, existia um tipo de sistema que se mostrava interiorizado e governava ações e pensamentos dos indivíduos. 
           Na teoria de Parsons, o paradigma normativo é visto como base da ação social, numa dinâmica em que o ator se apresenta como indivíduo não reflexivo e incapaz de analisar sua relação de dependência com as normas sociais, se submetendo a essas regras que, por sua vez, tornam-se determinantes na sua conduta. Garfinkel, ao contrário de Parsons, constrói sua teoria, partindo do pressuposto de que a interação entre o ator e a situação não se funda em normas predeterminadas nem a conteúdos culturais. De acordo com ele, a interação é formada por processos de interpretação, e a base da ação social é o paradigma interpretativo, que tem na reflexividade a condição primeira para o entendimento da ordem social. Ou seja, as normas existem, estão presentes na sociedade e exercem influência sobre o indivíduo – mas o indivíduo interage com essas normas e, a partir dessa interação, ele as interpreta e as modifica para se ajustar a elas, atuando como sujeito que constrói a própria realidade. 
        Enquanto Parsons vê a racionalidade científica como norteadora da conduta humana, para Garfinkel , o que a guia é a realidade prática e o conhecimento de senso comum. Em outras palavras, o conhecimento de senso comum, para ele, consiste no elemento básico para se compreender a ação social, e a interpretação dos indivíduos está no alicerce desse elemento. Garfinkel vê na teoria da ação social de Parsons um grave problema: os indivíduos ali definidos teriam um juízo adormecido, seriam meros reprodutores das estruturas sociais normativas, dentro de um determinismo absoluto. Em resumo, para desenvolver sua crítica, Garfinkel buscou substituir o paradigma positivista de Parsons por um modelo de interpretação da ação humana, considerando o papel da linguagem e da intersubjetividade na conduta social (HERITAGE, 1999, p. 356-357).
          No referente às influências recebidas de Alfred Schütz, pode-se perceber que Garfinkel trouxe para a sua etnometodologia a ideia de reciprocidade das perspectivas. De acordo com essa teoria, o mundo social é o espaço da vida cotidiana marcado pela intersubjetividade e, mesmo diante das diferenças que marcam a vivência de cada indivíduo (já que cada um tem a própria maneira de interpretar a vida), e ainda sabendo que a posição que cada indivíduo ocupa na sociedade lhe permite apreender e interpretar a realidade de uma forma diferenciada, pode-se afirmar, sem dúvida, que todas as experiências são idênticas na prática.
          Citando como exemplo o ambiente escolar, analisando a posição que ocupam a diretora, a professora e os alunos, é possível perceber que cada qual vê as situações de uma maneira diferente e que a apreensão e interpretação de um determinado fato vai estar intrinsecamente ligada à posição que cada um ocupa. Isso torna claro o fato de que a percepção é subjetiva. Contudo, ainda que tais visões sejam diferentes, existe um tipo de conhecimento do real que todos compartilham através da empatia (buscando se colocar no lugar do outro para saber o que sentem e pensam) e também através de um tipo de idealização sobre as razões pelas quais professora, diretora e alunos estejam presentes na escola – os atores idealizam que o motivo que leva todos à escola é o mesmo. É através desse ajuste que se torna possível a interação necessária para a construção do mundo social que, desta forma, é constituído intersubjetivamente. Vale ressaltar que esse processo de constituição subjetiva do mundo social sofre constantes atualizações, já que a identificação entre os indivíduos dos grupos sociais é renovada de maneira constante. Através da continuidade desse processo é que os objetos do mundo social se tornam familiares e são, desta forma, mantidos sob uma forma tipificada que caracteriza também como tipificado o conhecimento ali construído, diante do qual os agentes conseguem analisar o seu mundo social, ainda que de maneira aproximada e aberta a revisões – o que não prejudica a sua utilização como paradigma para que se organize a ação. É importante, no entanto, destacar que a teoria etnometodológica de Garfinkel não é o desenvolvimento mais amplo da Fenomenologia Social de Schütz. A etnometodologia apenas se apropriou de alguns pressupostos da fenomenologia para desenvolver suas teorias acerca da compreensão da realidade por meio dos raciocínios da prática cotidiana, utilizando-se da intersubjetividade. Entre essas apropriações, podemos citar seis elementos:

i) as pressuposições de se pôr entre parênteses os fenômenos e as teorias sobre o mundo social, mantendo com isso uma atitude de indiferença etnometodológica para com elas; ii) a requisição de uma fidelidade para com o fenômeno em estudo; iii) a aceitação das qualidades humanas de pensamento, razão, emoções e agregados sensíveis, planejamento, julgamentos, e conhecimentos presentes nas ações humanas; iv) rejeições a prescritividades e pré-formulações de métodos e estratégias de análise metodológicas, diante da singularidade de cada fenômeno social abordado; v) cuidado na manutenção dos aspectos fidedignos das descrições dos métodos práticos dos membros nos seus atos de falar e de agir no mundo cotidiano; e vi) abandono de monismos causais nas explanações analíticas a que se prestam seus estudos (PSATHAS, 2004 apud OLIVEIRA;MONTENEGRO, 2012, p. 133).

          Convém ainda lembrar, a partir da observação dos elementos acima apresentados, que a epoché (colocação em suspenso) das ideias acerca do mundo social favorece ao pesquisador uma maior aproximação da realidade em sua essência, já que o mundo, conforme aponta Maurice Merleau-Ponty no prefácio do seu “Fenomenologia da percepção”, “o mundo é não aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu estou aberto ao mundo, comunico-me indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele é inesgotável” (MERLEAU-PONTY,1999, p. 14). Ou seja, para possibilitar uma maior aproximação da realidade enquanto construção social, é indispensável a observação, tanto do conhecimento do senso comum como das razões práticas dos indivíduos dentro dos grupos sociais.
          De acordo com Garfinkel, (2015, pp. 55-56), compartilhar conhecimento sobre a  estrutura social não leva ao entendimento comum. Esse entendimento consiste “no caráter obrigatório de ações realizadas conforme as expectativas da vida cotidiana como uma moralidade”. Segundo ele,

O conhecimento de senso comum dos fatos da vida social, para os membros da sociedade, é o conhecimento institucionalizado do mundo real. Não só o conhecimento de senso comum retrata uma sociedade real para os membros, mas, à maneira de uma profecia que se auto-cumpre, as características da sociedade real são produzidas pela obediência motivada de uma pessoa a essas expectativas contextuais. Daí, a estabilidade das ações concertadas deveria variar diretamente em função de quaisquer que fossem as condições reais de organização social que garantam a adesão motivada de uma pessoa a essa textura contextual de relevâncias como uma ordem legítima de crenças sobre a vida em uma sociedade vista “do interior” da sociedade. Visto do ponto de vista da pessoa, seu comprometimento com a obediência motivada consiste em sua compreensão e aceitação dos “fatos naturais da vida em sociedade” (GARFINKEL, 2015, pp. 55-56)

           Esse conhecimento do senso comum, aliado às razões práticas dos agentes sociais legitimam a realidade social, já que ela traz em si o aspecto objetivo e o intersubjetivo que a envolvem de uma quase materialidade que cria a possibilidade do convívio entre os indivíduos através da criação de uma rede de significados comuns criados a partir do conhecimento dos indivíduos e nos paradigmas do mundo social, favorecendo, por sua vez,  que ocorra a interação intersubjetiva entre os indivíduos que participam do mundo.
         Também ligado à ideia da constituição do mundo social como uma interação mútua entre o plano objetivo e o pano subjetivo, onde os indivíduos se posicionam como atores que constroem o seu mundo social, está o Interacionismo Simbólico. Sua influência, especialmente através de Herbert Mead, se constitui, ao lado da Fenomenologia Social de Husserl, como um dos pilares da Etnometodologia de Garfinkel, especificamente no que se refere à significação das ações e falas dos atores em relações de interação. De acordo com Coulon, mesmo quando sob a influência de normas estabelecidas socialmente, essas ações e falas “nunca são definidas unilateralmente, muito menos reificadas objetivamente, mas sempre são sustentadas comportamentalmente em processos de negociação de significados” (COULON, 1995 apud OLIVEIRA;MONTENEGRO, 2012, p. 134).
  A diferença entre a abordagem interacionista e a etnometodológica consiste, especialmente, no ponto do interacionismo que trata da “atitude natural” diante dos fenômenos. De acordo com esta abordagem, é necessário que o pesquisador deve estar presente fisicamente e presenciar os fenômenos, sob o risco de conseguir registrar apenas “resíduos” da ação social. Entretanto, não raro tal atitude leva o pesquisador a se envolver e se identificar totalmente com os membros do grupo, passando a assumir uma “atitude natural” frente aos fenômenos.
A etnometodologia diverge do interacionismo por discordar dessa “atitude natural”. De acordo com Coulon,

Com efeito para praticar a etnometodologia, devemos adotar um certo estado de espírito, deixarmo-nos penetrar pelo estranhamento das coisas e acontecimentos que nos rodeiam, tentar subtrairmo-nos à força da, atitude natural‟ que apresenta uma tendência constante para levar a melhor” (COULON, 1995 apud FIGUEIREDO, 1998)

          Ou seja, a proposta da etnometodologia é justamente deixar de lado a familiaridade na relação com os atores sociais, sob a recomendação de que a identificação total com os membros acaba levando à perda do senso crítico de que o pesquisador necessita para interpretar a maneira como os atores sociais constroem a realidade. A “atitude natural”, de acordo com a etnometodologia, acaba impregnando a percepção do pesquisador, prejudicando a neutralidade de suas conclusões.

3. Conceitos e elementos constitutivos da teoria etnometodoló-gica

           Constituindo-se como a pesquisa empírica dos métodos de que as pessoas se utilizam para dar sentido e agir cotidianamente, interpretando as crenças e a conduta do senso comum como imprescindíveis para a construção da realidade social, a abordagem etnometodológica apresenta, como conceitos-chave: prática ou realização, indicialidade, reflexividade, relatabilidade, e a noção de membro, que serão explicados a seguir. 

          3.1. Por “Prática ou Realização”, a etnometodologia quer apresentar o contexto onde se constrói a realidade social. Essa realidade é produzida na prática cotidiana, por meio da interação entre os atores; a partir dessas operações micro é que acontecem as grandes  mudanças sociais, num plano macro. De acordo com Garfinkel (2012, p. 114) “seus praticantes insistem que as práticas da análise construtiva são realizações dos membros”. E essa ideia de realização adotada por ele na sua etnometodologia se refere à construção continuada de práticas pelos agentes sociais. Trata-se de um processo permanente e contínuo, onde as regras e as normas são vistas como construções capazes de definir e tornar claros os raciocínios sociais práticos, bem como os métodos que os agentes sociais usam na realização de suas interações sociais que dependem, por sua vez, da maneira como eles interpretam o mundo.

           3.2. Por “Indicialidade” entende-se o caráter incompleto de que a palavra é dotada, de forma que só é possível compreender seu significado a partir da consideração do contexto no qual ela está situada. Pode-se afirmar que todas as expressões utilizadas pelos indivíduos nas relações de interação estão permeadas por características indiciais (ou indexicais), e essas expressões só podem ser significadas através do conhecimento no contexto no qual são proferidas. Por este motivo é que um pesquisador não pode jamais tentar traduzir o que diz o ator, não pode substituir palavras proferidas por outras mais objetivas. Ao contrário disso, para conseguir compreender o processo de produção das ideias ele deve buscar analisar o contexto onde essas expressões são produzidas. 
          Entretanto, Garfinkel destaca que a utilização das expressões indexicais não existe só dentro das narrativas de pessoas leigas. De acordo com ele, essas expressões também podem ser encontradas em 

relatos de profissionais. Por exemplo, a “fórmula” em linguagem natural “a realidade objetiva dos fatos sociais é o princípio fundamental da sociologia” é ouvida por profissionais, de acordo com a ocasião, como definição das atividades dos membros da Associação, seu slogan, sua tarefa, meta, realização, motivo de ostentação, conversa de vendedor, justificativa, descoberta, fenômeno social ou limitação de pesquisa (GARFINKEL, 2012, p. 224).

            Desta forma, o que o raciocínio prático das Ciências Sociais faz é suprir as propriedades indexicais do discurso, demonstrando a relatabilidade racional das atividades do dia a dia, com a finalidade de garantir a adequada observação, bem como o relato das particularidades da organização social cotidiana. 

          3.3. O terceiro entre os conceitos da etnometodologia é a “Reflexividade”, mesmo não tendo consciência disso, os atores descrevem e constroem, simultaneamente, a realidade social quando falam. Ou seja, reflexividade consiste nas práticas que descrevem e constituem o quadro social, ao mesmo tempo. De acordo com a etnometologia, os atores têm a reflexividade como uma capacidade, embora a capacidade de reflexão não lhes seja inerente, no sentido de que eles aplicam metáforas em seu dia a dia e essas metáforas reificadas fazem com que tudo aquilo que veem não seja notado. Desta forma, é através da sua institucionalização que o conhecimento que o senso comum tem dos acontecimentos sociais se legitima como conhecimento do mundo real.
          Pode-se, assim, definir  a reflexividade como uma propriedade das práticas sociais, que favorece a descrição, constituindo um quadro social específico. Observa-se, a partir de então, que as atividades que os membros realizam com o objetivo de produzir e manobrar diariamente as circunstâncias de sua vida organizada são análogas aos procedimentos que utilizam para tornar descritíveis essas mesmas situações.

          3.4. A “Relatabilidade”, conceito que tem uma estreita ligação com a ideia de refexividade, é o quarto conceito da etnometodologia. Embora se refira à propriedade das descrições que os atores fazem da realidade, a relatabilidade não consiste numa simples e pura descrição da realidade, mas uma descrição que constrói o mundo. A questão da relatabilidade é considerada primordial na etnometodologia, tendo em conta que, muito mais que apresentar os métodos utlilizados pelos membros para tornar relatáveis as suas experiências, esses membros também lançam mão dos mesmos métodos para conseguir uma ordenação social. São os relatos desse mundo social que fazem da ação dos membros do grupo algo compreensível, expondo o seu sentido a partir do momento em que conta ao outro os processos do próprio relato, fazendo do mundo algo visível. Em outras palavras, pode-se dizer que a relatabilidade se refere à característica de tornar inteligível uma ação e, ao mesmo tempo, de explaná-la, já que os membros devem, ao mesmo tempo, realizar suas ações e dotá-las de clareza para que seu sentido seja imediatamente identificado ou explicável.

           3.5. Por fim, é importante trazer a noção de “membro”, esclarecendo, primeiramente, o seu sentido, de acordo com Garfinkel e Sacks: 

Não empregamos o termo “membro” com referência a uma pessoa. Refere-se, sim, ao domínio da linguagem natural, o qual entendemos da seguinte maneira. Observamos que as pessoas, na medida em que estão falando uma linguagem natural, de alguma forma estão envolvidas na produção objetiva e exposição objetiva de conhecimento de senso comum de atividades cotidianas como fenômenos observáveis e relatáveis (GARFINKEL;SACKS, 2012, p. 227).

          Ou seja, de acordo com eles, a noção de membro não se relaciona com a ideia de articulação entre o indivíduo e seu grupo social, mas sim à utilização da linguagem comum que leva o indivíduo a pertencer ao grupo. Frisam que é universalmente comum que os membros façam uso de “fórmulas destinadas a remediar o caráter indexical de suas expressões e, mais concretamente, procuram substituir as expressões indexicais por expressões objetivas” (GARFILKEL;SACKS, 2012, p. 227).
          Para Coulon, “membro” consiste em uma pessoa “dotada de um conjunto de procedimentos, métodos, atividades, savoir-faire, que a tornam capaz de inventar dispositivos de adaptação para dar sentido ao mundo que a rodeia” (COULON, 2005 apud BISPO;GODÓI, 1998, p. 684). Em outras palavras, o membro consegue, sem grandes problemas, resolver a questão da indicialidade nos discursos para identificar os padrões do senso comum. Para tornar mais fácil a compreensão, pode-se utilizar como exemplo, a situação de um senhor de grande nível intelectual, de idade avançada e de classe social elevada que quisesse se reunir com adolescentes membros de grupos marginalizados de uma região de periferia. Dificilmente ele conseguiria interagir nessa conversa, pois muitas expressões indiciais não seriam compreendidas por ele (quebrada, véi, correria, o preto e o branco, cracudo, entre outras). Mas isso não quer dizer que a interação seria impossível: os atores buscariam padrões para conseguirem ser entendidos e o homem de idade avançada, que não foi considerado membro naquele primeiro momento, vem a se tornar membro através da apropriação do discurso. Só a partir do momento em que conseguimos chegar, segundo Coulon, “sem demasiada dificuldade, a um acordo sobre a significação de nossas ações, apesar da infinita indicialidade das trocas conversacionais e das situações sociais”, é que nos tornamos membros”. (COULON, 1995, p.161).
          Assim, o indivíduo que domina a linguagem natural do grupo e que, através desse domínio, consegue descrever e construir o mundo que o grupo percebe conjuntamente, é considerado um membro passa a interagir com os membros do grupo, construindo a realidade dentro das interações cotidianas. Para regular suas práticas, os atores procuram identificar o entendimento que o outro tem da realidade, promovendo uma busca recíproca, que se dá através de quatro procedimentos, a saber: a reciprocidade das perspectivas (a troca de visões de mundo e pontos de vista); a cláusula “et caetera” (um tipo de acordo verbal através do qual o grupo assume que existem significações e compreensões comuns, mesmo quando estas não são esclarecidas. Ex: a utilização do “etc.” para resumir o que não chegou a ser falado); os padrões do senso comum (produzidos pelos atores para promover entendimento entre o grupo); e, por fim, o caráter prospectivo e retrospectivo dos acontecimentos (expressões que, ora antecipam falas, ora trazem à tona falas do passado, com objetivo de tornar mais clara a comunicação).
          É importante também ressaltar que, nas interações que ocorrem dentro dos grupos, há uma regulação do discurso, com cinco regras precisas: a) dispositivos de mudança de turno; b) fenômenos de reparação; c) unidades interacionais: os pares adjacentes; d) estratégia de envolvimento; e) organização estrutural hierárquica da interação discursiva. Tais regras serão detalhadas a seguir:
          
          a) Os dispositivos de mudança de turno tratam das normas estabelecidas pelos próprios atores, com o objetivo de ordenar a interação. Tais normas determinam e limitam o tempo de fala de cada interlocutor, especificando o tempo de falar e o tempo de ouvir dentro da interação, a fim de garantir o sucesso da interação, evitando uma fala longa demais ou um silêncio demasiadamente longo entre uma e outra fala. A situação pode ser exemplificada, utilizando a letra “L” como um dispositivo que indica o final de um turno identificado como “AB”, ou seja, “L” é o sinal para que o outro comece a falar e aparece sempre que existe uma interrogação. Desta forma, fica claro que o número de repetições do “L” indica sucesso na interação:
                    
                       AB: Gostaria de saber sobre a vida na prisão. (...)
                            Qual foi a sua reação na primeira noite que dormiu na cela?
                        L: Eu fiquei acordado a noite inteira (continua)

          b) A segunda regra de regulação do discurso trata dos fenômenos de reparação, que consistem em corrigir as falhas cometidas nas falas dentro da interação. Essa correção tanto pode ser feita por aquele que falou como pelo que ouviu. No caso apresentado abaixo, é o enunciador que corrige a própria fala:
              
                       AB: Quantos empregos você teve antes de ser preso?
                          L: Nenhum. Ou melhor, trabalhei em dois lugares, mas sem carteira assinada.

          c) A terceira regra está voltada para as unidades interacionais: os pares adjacentes que, segundo a etnometodologia, são sequências de enunciados duplos que os falantes produzem, cada um na sua vez de falar, sendo que, ao ser enunciada, a primeira parte depende da seguinte para completar seu sentido. Os enunciados podem ser denominados como preferenciais ou não preferenciais: no primeiro caso, a fala é produzida sem hiatos; no segundo, o falante prossegue a sua fala depois de uma pausa marcada por expressões específicas como, por exemplo: “bem...”, “ah”, entre outras. Ex:.

                         1.AB: É possível estabelecer amizades dentro da prisão?
                               L: Sim, a gente conhece muitos mano legal.
                         2.AB: E você confia nesses amigos?
                               L: Sim (...) mas sempre desconfiando.

           d) A estratégia de envolvimento é a quarta regra e consiste na observação da construção da narrativa e da enumeração como recursos para que o grupo se envolva e ocorra uma interação. Dentre essas estratégias de envolvimento os atores utilizam repetições, antíteses, lançam mão da ironia e de outros recursos para envolver o participante, e é esse envolvimento que facilita a interação discursiva, tornando-a agradável, conforme se pode perceber no diálogo abaixo:

          - Vivi minha vida toda em busca do homem ideal e, enfim, te encontrei. Você fala demais, é ansioso, requer sempre muita atenção, não lembra das datas importantes, é descuidado, não sabe lidar com a minha TPM, mas me faz sentir uma deusa, a mulher mais linda do mundo. Você é insubstituível.

          Vale ainda ressaltar que, através da utilização de recursos poéticos como a repetição, antíteses, elipses, metáforas, por exemplo, o envolvimento discursivo elabora os estados emocionais na interação, que tanto podem trazer um efeito positivo como um negativo: é positivo quando a fala ajuda a tornar mais intensa a relação entre os membros, e considera-se negativa a fala que traz o rompimento de relações entre eles. 

          e) Para finalizar esta exposição sobre a regulamentação da atividade discursiva na etnometodologia, este breve estudo traz a quinta regra, que trata da organização estrutural hierárquica da interação discursiva. Essa organização aborda as regularidades semânticas, sintáxicas e pragmáticas que norteiam os participantes em determinada interação, obedecendo uma organização hierárquica que apresenta cinco níveis distintos: interação, sequência, permuta, intervenção e ato de linguagem – sendo que a interação é o nível mais elevado e o ato da linguagem consiste no nível elementar. Com exceção da interação e do ato da linguagem, cada um dos outros níveis é constituído pelo nível que está acima e, por sua vez, constitui o nível que está abaixo dele.
           É importante destacar que, na abordagem etnometodológica do discurso, a utilização dos citados métodos e procedimentos é feita pelos próprios membros do grupo, para dotar de significado as suas práticas sociais. E o sentido do discurso está na atividade que as pessoas realizam em conjunto no decorrer da vida cotidiana, já que, nessas interações discursivas, os indivíduos lançam mão de conhecimentos do senso comum e os partilham mutuamente, construindo e reconstruindo incessantemente o mundo. Assim, quando utilizam-se da fala para comunicar, os indivíduos interagem e o sentido da fala de um vai depender diretamente do contexto da interação e das falas dos outros indivíduos. Em suma, a atividade discursiva consiste numa atividade ordenada e regulada e é essa característica que torna possível a sua identificação e o seu inventário, a sua descrição e sistematização. 
          A partir do acima exposto, fica claro que o pesquisador que pretender utilizar-se do método etnometodológico em seus estudos, deve, primeiramente, manter um foco nos métodos utilizados pelos participantes para significar seu mundo, abdicando de suas próprias hipóteses e concepções; ou seja, o pesquisador não deve levar prontas as suas perguntas para o campo, mas deve formulá-las a partir do contato com o grupo. Para conseguir isso, deve-se lançar mão da epoché de Husserl, ou seja, deve deixar em suspenso os próprios conceitos para conseguir perceber melhor as práticas cotidianas dos participantes e entender a significação e o sentido dessas práticas para os membros do grupo, botando em prática a “indiferença etnometodológica”, maneira como Garfinkel nomeia esse processo.
          Por fim, cabe ressaltar que o etnometodólogo deve manter uma postura crítica diante dos seus estudos, fiscalizando o próprio olhar, a maneira como observa e analisa as falas, de maneira a interferir o menos possível, evitando se deixar guiar pela sua própria visão de mundo, o que poderia prejudicar o relato daquilo que ouve, vê e analisa. Esta última recomendação é de fundamental importância, principalmente tendo em vista o bombardeio de informações e opiniões que o pesquisador recebe cotidianamente, seja através dos meios de comunicação ou de leituras e conversas. Numa sociedade em que grande parte dos indivíduos ficam conectados à internet 24 horas por dia, a própria ideia de “realidade” muda rapidamente de sentido, já que passa por interações e mediações o tempo todo. 

Considerações finais 

        A partir de tudo o que foi apresentado acerca do método etnometodológico e sua  aplicação na pesquisa, conclui-se a importância desta abordagem para diferentes organizações. Na pesquisa sociológica, os estudos etnometodológicos apontam para a natureza das organizações enquanto resultado de uma realidade que foi socialmente constituída, a partir de interações entre seus membros dentro de um contexto marcado pela intersubjetividade no compartilhamento de significados. A partir desse compartilhamento, torna-se possível perceber que as ações assumem importância e significado.
          Tomando como exemplo o estudo de prisões, levando em consideração que se trata de uma instituição constituída pelos seus membros em suas práticas cotidianas, e que ela só existe a partir desses indivíduos em um processo de construção e reconstrução incessantes, torna-se possível compreender que o significado da prisão enquanto fenômeno está intrinsecamente relacionado com o lugar que ocupa e o sentido que adquire no mundo cotidiano de presidiários e funcionários. Também torna-se claro que, para compreender o fenômeno “prisão” é preciso olhar para ele teórica e metodologicamente da maneira adequada, ou seja, buscando, através da fala e das ações práticas da vida cotidiana daquele grupo social, o significado que é construído para o fenômeno.
          A etnometodologia, aplicada em organizações complexas como a acima citada, favorecendo uma aproximação maior do fenômeno, tente a trazer grande contribuição para o campo das Ciências Sociais, no sentido de possibilitar a compreensão desses grupos complexos.
           Para finalizar este breve estudo, é preciso frisar que, ao se fixar na análise da fala nas interações, a etnometodologia acaba abarcando um universo amplo de possibilidades de análise, já que a fala está presente na maioria das ações humanas. Seja na análise da interação entre professores e alunos, ou das interações dentro de grandes empresas, ou ainda nas complexas relações entre a segurança pública e as populações estigmatizadas, há muito mais que números de estatística para se desvendar, e a etnometodologia pode nos levar a uma maior compreensão da dinâmica que move tais relações. Afinal, a maneira como um policial identifica um suspeito e o interroga, tanto quanto a conversa que se desenvolve no momento em que uma pessoa é atendida num órgão público, podem ser de extrema importância para que se possa compreender melhor as instituições sociais e os seus membros. 

REFERÊNCIAS

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NUNES, A. I. C. O que é etnometodologia?. Artigos de Filosofia. Cataguases, 19 jun. 2019. Disponível em: www.artigosfilosofia.blogspot.com. Acesso em: (data do acesso).

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