quarta-feira, 22 de agosto de 2018

INFORMATIVO PAPO CABEÇA: a política, na visão de estudantes do ensino médio

Equipe editorial do Informativo Papo Cabeça: à esquerda do aluno Pablo Gouvêa: Vitória (acima), Lisa e Vanessa, Maria Júlia (embaixo). Lado direito do aluno Pablo Gouvêa: Mariana (acima), Luíza e Beatriz.

          Estudantes do 3º ano do ensino médio do Colégio Soberano (Cataguases-MG) promoveram o lançamento, no mês de julho último, do Informativo Papo Cabeça, que tem como objetivo colocar à disposição de outros estudantes uma gama de informações que possam levar à reflexão sobre o tema "Política", estudado na disciplina de Filosofia durante o  primeiro e segundo bimestres, sob a fundamentação do livro didático "Pensar filosoficamente", de autoria da professora Ana Idalina Carvalho Nunes. O livro traz uma abordagem da política na visão de filósofos, desde o período clássico grego até o século XX, colocando em cena as ideias políticas de Platão, Aristóteles, Maquiavel, Hobbes, Montesquieu, Adam Smith e Karl Marx.  
        Beatriz Bayonetta, Lisa Borges, Luiza Freitas Loures de Oliveira, Maria Júlia Raváglia, Mariana Moraes, Pablo Gouvêa, Vanessa  Azevedo Garcia e Vitória Meneguery tomaram a iniciativa de produzir artigos que, reunidos, resultaram na publicação do informativo e lançamento na escola, durante um evento que foi denominado como "Intervalo Filosófico", que teve a participação de todos os estudantes do ensino médio da escola, bem como de professores, professoras e da diretora Vera Nilce Aguiar, da coordenadora Roseli Mendonça, além de outros membros da direção.  
           

EDITORIAL

                                                                                            Por Luiza Freitas Loures de Oliveira


      O tema abordado neste primeiro número do informativo “Papo Cabeça” tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre o voto, dando a elas informações para que possam eleger um bom candidato nas eleições, através de discussões e esclarecimentos sobre os partidos políticos. São, ao todo, seis pequenos artigos que discutem a política brasileira. 
      O primeiro artigo demonstra como a participação política através das redes sociais aumentou, devido ao grande avanço tecnológico, tendo uma maior participação dos indivíduos, marcada pela liberdade de expressão. O segundo artigo apresenta a caracterização das posições partidárias, demonstrando os “rótulos” dados a pessoas que possuem opiniões e posicionamentos opostos em relação à política no Brasil, designados como “coxinhas” e “mortadelas”. Quem é quem na política brasileira? Es-ta é a pergunta que o artigo procura responder. Já o terceiro artigo apresenta caminhos para identificar mentiras políticas que são veiculadas pelas redes sociais, as chamadas “fake news”, falsas verdades que são divulgadas, causando transtornos que representam um grande perigo para a democracia brasileira. O artigo alerta para a importância de identificar a má intenção por trás de uma verdade simplista e aceitável pelos que têm pouca informação e formação. O quarto artigo apresenta as diferenças entre o capitalismo e o socialismo, a fim de levar leitores e leitoras a tirarem suas próprias conclusões e a escolherem o caminho que consideram mais adequado para a nossa política. 
      Por fim, os dois últimos artigos alertam para a importância de se preparar para uma boa escolha nas eleições e falam da importância de se escolher com consciência os deputados e senadores no período das eleições. Também contribuem para que os leitores consigam se situar nesse contexto e aprendam a reconhecer a importância dos vários posicionamentos ideológicos e políticos para a construção de uma democracia correta.
      Nós, da equipe editorial, preparamos todo esse material acreditando que ele poderá trazer grande contribuição para nossos leitores e leitoras, servindo como base para a análise imparcial das situações políticas vivenciadas em nosso país. Boa leitura!

                             OPINIÃO                                      

                                                                                                                Por Pablo Gouvêa    
  
      A política no Brasil foi e continua sendo  um  tema  muito  pautado, talvez por sempre ter sido marcada por grandes escândalos. O informativo "Papo Cabeça", feito pelos alunos do terceiro ano do Colégio Soberano (Cataguases /MG), traz aqui o seu primeiro número sob o tema "Política", com o objetivo de levar leitores e leitoras, sejam adolescentes ou adultos, a uma reflexão sobre a política brasileira e à conscientização da importância em levar a sério o direito de selecionar aqueles que vão nos representar e trazer soluções para o Brasil.
      Como aluno e integrante do grupo que produziu o informativo, embora tenha atuado como relações públicas da equipe, acabei me envolvendo muito com a produção do informativo e li, antes da publicação, todos os artigos. Dentre todos, me chamou a atenção em especial o artigo da Maria Júlia Raváglia, "Coxinhas e mortadelas: quem é quem na política brasileira?" e também gostei muito do artigo "Quais as diferenças entre capitalismo e socialismo?", escrito pela colega Vitória Meneguery. Mas todos os artigos são muito importantes e abordam assuntos que estão sempre presentes nas redes sociais e podem nos ajudar a assumir um posicionamento diante das postagens que vemos diariamente e que, muitas vezes, não sabemos se são verdadeiras ou se são apenas "fake news". 
      Com a distribuição do informativo entre  os  estudantes  e  professores  eu  espero  que  os  alunos leiam e busquem o aprendizado cada vez mais nesses temas que são sempre falados, e que aprendam a debater saudavelmente, qualificadamente,  buscando  sempre  compartilhar o conhecimento com os amigos a fim de que possamos espalhar um conhecimento bem fundamentado.










sábado, 7 de abril de 2018

HOMENAGEM PÓSTUMA AO PROF. MÁRIO JOSÉ DOS SANTOS

     Por Ana Idalina Carvalho Nunes
                                       Foto  de 2010, no ICH antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. 
 Prof. Mário José, Catarina, Idalina, Belzinha, Ana Paula, Bia, Stella e Luciana.

Recebi há pouco a notícia de que partiu, professor Mário. De princípio, emudeci, foi como se morresse também a temporalidade e até os pássaros se calaram. Olhei para o céu: estava azul intenso, todo enfeitado de nuvens brancas, arredondadas. Agora, passadas algumas horas, as lágrimas se atrevem a descer do meu rosto, não lágrimas de dor, mas de gratidão, de reconhecimento,  de uma emoção suave e uma espécie de conforto por saber que estará bem, seja como for depois da morte. Lembrei de todas as vezes que subi de carona com você naquele fusquinha amarelo, você sempre passava por volta de 7:50 pela Olegário Maciel. Íamos conversando e, quando chegávamos no ICH antigo, você parava o carro antes para entregar a marmita do "Costela". Você amava o Costela e ele te amava. Aliás, professor Mário, me diga (talvez ainda não consiga dizer, talvez nada disso faça mais sentido pra você agora): quem conseguiria conviver com você sem amá-lo? 

Semana passada estive no ICH novo e quis subir ao quarto andar do bloco C pra rever a sala que ocupou depois que fomos para o prédio novo. Professor Mário, está exatamente como a deixou! Nada saiu do lugar, até a sua coleção de corujas continua na estante! A sua sala era o nosso ponto de encontro, íamos à coordenação, na maioria das vezes, só pra te ver e dizer bom dia. O seu jeito formal era a embalagem de um homem tão nobre e tão bom! 

Lembro de quando, já no quinto período de Filosofia, eu passei por uma grande dificuldade financeira, que colocava em risco até mesmo a minha permanência no curso, já que me deslocava semanalmente da minha cidade de Cataguases para estudar em Juiz de Fora. Confidenciei isso a você e conseguiu pra mim uma bolsa de assistente da coordenação. Mais do que a ajuda financeira que me permitiu concluir o curso, a sua atitude me mostrou o grande amigo que estava ali diante de mim.

Professor Mário, quando recebi a notícia de sua partida, através do professor Luciano Camerino, me vieram à mente as suas aulas, especialmente "A apologia de Sócrates", na parte final, onde ele fala sobre a morte. Reproduzo abaixo, como homenagem a você, uma pequena passagem daquele texto,  grande mestre e amigo. Saiba que você é imortal,  para sempre. Você não foi só um professor e coordenador, você foi verdadeiramente o nosso Mestre, aquele que apontou o caminho, aquele cuja humildade o coloca entre os grandes filósofos.  A Belzinha, que estava aí nessa foto, foi antes de você e, se ela tinha tanta pressa, é porque deve ter algo de muito bom depois da morte, porque ela era alegre e gostava de viver com prazer. 

Vá em paz, professor. Você estará sempre vivo em cada um de nós. Espero, sinceramente, que ao encontrar Sócrates e os outros aí, envie o meu abraço de admiração. 

Apologia de Sócrates
Capítulo XIX
[...] Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para um outro. Se, de fato, não há sensação alguma, mas é como um sono, a morte seria um maravilhoso presente. Creio que, se alguém escolhesse a noite na qual tivesse dormido sem ter nenhum sonho, e comparasse essa noite às outras noites e dias de sua vida e tivesse de dizer quantos dias e noites na sua vida havia vivido melhor, e mais docemente do que naquela noite, creio que não somente qualquer indivíduo, mas até um grande rei acharia fácil escolher a esse respeito, lamentando todos os outros dias e noites. Assim, se a morte é isso, eu por mim a considero um presente, porquanto, desse modo, todo o tempo se resume a uma única noite. Se, ao contrário, a morte é como uma passagem deste para outro lugar, e, se é verdade o que se diz que lá se encontram todos os mortos, qual o bem que poderia existir, ó juízes, maior do que este? Porque, se chegarmos ao Hades, libertando-nos destes que se vangloriam serem juízes, havemos de encontrar os verdadeiros juízes, os quais nos diria que fazem justiça acolá: Monos e Radamante, Éaco e Triptolemo, e tantos outros deuses e semideuses que foram justos na vida; seria então essa viagem uma viagem de se fazer pouco caso? Que preço não serieis capazes de pagar, para conversar com Orfeu, Museu, Hesíodo e Homero? Quero morrer muitas vezes, se isso é verdade, pois para mim especialmente. a conversação acolá seria maravilhosa, quando eu encontrasse Palamedes e Ajax Telamônio e qualquer um dos antigos mortos por injusto julgamento. E não seria sem deleite, me parece, confrontar o meu com os seus casos, e, o que é melhor, passar o tempo examinando e confrontando os de lá com cá, os últimos dos quais tem a pretensão de conhecer a sabedoria dos outros, e acreditam ser sábios e não são. A que preço, ó juízes, não se consentiria em examinar aquele que guiou o grande exército a Tróia, Ulisses, Sísifo, ou infinitos outros? Isso constituiria inefável felicidade. Com certeza aqueles de lá mandam a morte por isso, porque além do mais, são mais felizes do que os de cá, mesmo porque são imortais, se é que o que se diz é verdade 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

PENSAR FILOSOFICAMENTE - uma metodologia para as aulas de Filosofia no ensino médio


A ideia de produzir o livro didático "Pensar filosoficamente" surgiu da minha inquietude diante do ensino da filosofia na educação básica.  A partir de uma  análise atenciosa do material didático disponível no mercado editorial, percebi que tratava-se de um  apanhado de livros que privilegiavam a história da Filosofia, deixando de focar na questão da formação e desenvolvimento do pensamento filosófico entre os jovens. Dessa forma, iniciei o ano de 2018 pensando em meus alunos e alunas: passei alguns dias refletindo sobre seus anseios, sobre a expectativa de seus  pais e também sobre a proposta pedagógica da escola.  Principalmente em se tratando de filosofia, é preciso ter ética na atuação profissional  e  oferecer conhecimentos que possam vir a contribuir para a vida dos jovens aprendizes.

Pensei no quanto alguns alunos se mantêm focados no sucesso que desejam ter no ENEM e quis muito encontrar um meio de contribuir mais eficazmente para o alcance da aprovação no referido exame. Pensei também nos que ainda não se sentem prontos para  iniciar a vida acadêmica e preferem adiar uma escolha profissional. Por fim,  quis  dar atenção aos que  sentem alguma dificuldade em assimilar o conhecimento oferecido, apesar de quererem muito o seu espaço no mundo profissional e  acadêmico.  Assim, diante dessa diversidade de anseios, decidi  desenvolver uma metodologia que pudesse atender a todos de forma satisfatória. E, para chegar a um plano de curso, me lancei numa pesquisa para delimitar conteúdos que estivessem dentro das questões abordadas no ENEM, mas que pudessem, além disso, levar os alunos a desenvolverem a argumentação lógica, tornando-se capacitados tanto para analisar quanto para construir o discurso. Afinal, levar  o aluno a se apropriar do discurso e a adquirir domínio sobre ele é tornar possível a sua integração no mundo em todos os aspectos. Foi a partir desse raciocínio que delimitei, como fio condutor do livro didático "Pensar filosoficamente" a questão  do discurso, da argumentação, da retórica, da dialética.

Assim, partindo da mitologia grega e da compreensão do mito como forma de conhecimento que perdura até os dias atuais, explicando de forma mágica os fenômenos desconhecidos que nos assustam, o livro cria uma ponte entre passado e presente, buscando, através da contextualização, levar os alunos a compreenderem todo o processo de construção do conhecimento científico, a partir da passagem do mito ao logos.  A primeira das três partes do livro aborda a busca da origem do mundo e das coisas pelos pré-socráticos, tratando também da  retórica sofista e da dialética socrática. As atividades propostas para a sala de aula são dinâmicas e propõem a utilização de vídeos e música  como provocadores para a "investigação dialógica", conceito proposto pelo prof. Dr. Juarez Gomes Sofiste (UFJF), em seu livro "Sócrates e o ensino da filosofia" (Vozes, 2007).

A segunda parte do livro propõe  o ensino da Lógica, numa abordagem que promove uma interdisciplinaridade com a Matemática,  Língua Portuguesa, Redação e Ciências Sociais e, de maneira mais indireta,  com outras áreas de conhecimento. A obra traz a lógica dedutiva e indutiva, apresentando inúmeras atividades da lógica proposicional, lógica dos predicados, análise e construção de argumentos lógicos, teoria e prática na aplicação do raciocínio indutivo na pesquisa científica.

A terceira e última parte da obra se dedica à fundamentação teórica de temas filosóficos contemporâneos, levando os aprendizes à compreensão mais aprofundada de questões que estão presentes em discussões nas redes sociais e nos noticiários, buscando ainda abordar a filosofia atual e os temas que despertam o interesse dos filósofos contemporâneos.

Os objetivos da obra são:
1.  levar os alunos a uma apropriação dos conceitos filosóficos e à compreensão da forma como se dá a produção de conhecimento científico;
2. Contribuir para que alunos e alunas aprendam a analisar argumentos e a compreender enunciados e discursos ou textos, através da estruturação lógica do raciocínio;
3. Levar os aprendizes a se tornarem capazes de dialogar e apresentar argumentos  consistentes para fundamentar seus posicionamentos;
4. Desenvolver nos aprendizes a capacidade de estruturar logicamente o raciocínio, apresentando argumentação válida, na produção do texto escrito;
5. Levar alunos a alunas a desenvolverem a retórica.
6. Oferecer conhecimentos que levem o aluno à aprovação no ENEM (dando ênfase à análise e produção de argumentos e do discurso, deixando em segundo plano a questão do conteudismo) 

Alcançados esses objetivos, poder-se-á afirmar que as aulas de Filosofia terão cumprido seu papel de promover a formação do pensamento filosófico, melhorando a qualidade da comunicação entre os alunos e alunas e contribuindo para um bom desenvolvimento em todas as disciplinas escolares.
E, compreendendo que a boa comunicação é um fator que contribui de forma eficaz para o pertencimento social, tornar-se-á também  possível afirmar que a metodologia apresentada pelo livro  contribui para a formação de cidadãos melhores e mais bem sucedidos. 

Prof. Mª. Ana Idalina Carvalho Nunes
Mestra em Ciências Sociais, especialista em Filosofia, Cultura e Sociedade, bacharela e licenciada em Filosofia (todos os cursos pela UFJF). Escritora.
Saiba mais sobre a autora:

Observação: a título de desenvolvimento da metodologia criada, o livro estará disponível apenas para alunos e alunas do Colégio Soberano em 2018, onde será realizado o projeto. Em 2019 o livro será disponibilizado para venda em nível nacional. 

Colégio Soberano: http://www.colegiosoberano.com/

ANTROPOLOGIA - SOBRE A OBRA "OS RITOS DE PASSAGEM", DE ARNOLD VAN GENNEP

Foto de 1920. Autor desconhecido.  Fonte:    http://www. intermedi a. uio.no/ariadne/Kulturhistorie/bilder/arnold-van-gennep        ...