domingo, 30 de junho de 2019

AS FRONTEIRAS DO OCEANO CÓSMICO - uma breve análise sobre "Cosmos" de Carl Sagan


Foto de Carl Sagan feita por Michael  Okoniewski. 
Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wi
ki/File:CarlSagan.1994.jpg
                                       Por Ana Idalina Carvalho Nunes
                                                                   

          O capítulo I do livro “Cosmos” (também adaptado para televisão, como série), do cientista e astrônomo novaiorquino, Carl Edward Sagan (1934-1996), parte dos limites do grande oceano espacial, rumo a uma viagem cósmica que começa a 8 bilhões de anos-luz da Terra. A bordo da nave espacial da sua imaginação, ele transporta o leitor  às maravilhas do Cosmos, às mais distantes galáxias, nebulosas, supernovas e pulsares. Deslizamos  para lá de Plutão, além dos anéis de Saturno, do majestoso sistema de Urano e da luminosidade do lado noturno de Júpiter. Penetrando nas nuvens da Terra, chegamos ao Egito, onde Eratóstenes pela primeira vez mediu a Terra. 
O Dr. Sagan mostra, neste ponto específico, de que forma Eratóstenes fez isso. No episódio, o astrônomo  mostra a Biblioteca da Alexandria, que foi o berço da aprendizagem da Antiguidade. Ele faz ressurgir a biblioteca em toda a sua glória - para ilustrar a fragilidade do conhecimento. É então que, para nos fazer compreender a enormidade do tempo que passou desde o Big bang até hoje, Sagan nos apresenta o "Calendário Cósmico". O professor Ricardo Velez destaca, em artigo publicado em seu blog no dia 26 de agosto último (2011),  a importância de um fragmento logo no início deste primeiro capítulo do “cosmos”, que faz referência à mitologia maia, segundo o relato de Popol Vuh, dos Maias Quiché: 

“Os primeiros homens criados e formados foram chamados de Feiticeiros do Riso Fatal, Feiticeiros da Noite, Os Desleixados e Feiticeiros Negros (...). Foram dotados de inteligência e sabiam tudo o que havia no mundo. Quando olhavam, viam instantaneamente tudo ao redor, e eles contemplaram a volta do arco dos céus e da face arredondada da terra (...). (Então o Criador disse): Eles sabem tudo (...). O que  deveremos fazer com eles agora? – Deixe que a visão deles alcance somente aquilo que está próximo; deixe-os ver somente uma pequena parte da face da terra! (...). Não são eles, pela própria natureza, simples criaturas resultantes de nosso trabalho? Deverão ser deuses também?


Velez ressalta as perspectivas de conhecimento realista e a transcendental – no texto citado, aparecem claramente delineadas as duas perspectivas do conhecimento, a realista e a transcendental – a primeira aferindo o poder divino de conhecer a substância da realidade; e a segunda  nos limitando na esfera dos fenômenos.  Segundo o professor, a leitura acaba nos levando a reconhecer nossa temporalidade, quando nos coloca frente à verdade (no caso do conhecimento realista, pelo fato de termos a essência da realidade e da verdade. No caso do conhecimento transcendental, pela aproximação da verdade a que chegamos).

            Outra parte importante a destacar no texto, de acordo com o professor, é a respeito do calendário cósmico elaborado pelos Maias e pelos Astekas, segundo o qual o fim deste Universo estaria marcado para dezembro de 2012. Em matéria postada em seu blog no último dia 1º de novembro, intitulada “Fim do mundo previsto pelos maias é um erro de interpretação”, o professor Ricardo Vélez  comenta reportagem publicada no jornal O Estado de São Paulo daquele mesmo dia, informando que a previsão se tratava de uma falha na interpretação do calendário:

 

“(...) não se trataria da desaparição física do atual Cosmo, mas de uma renovação do mesmo, o fechamento de um ciclo para a abertura de um outro, o que não queria dizer que o atual Universo fosse, necessariamente, submetido à destruição física. Tratar-se-ia, melhor, de um novo contexto interpretativo da vida cotidiana.”

 

            Outro ponto relevante destacado pelo professor em sala de aula refere-se à afirmação de Sagan de que o único lugar típico do Cosmo é o vácuo universal. De acordo com Sagan, a Terra não é o único lugar, tampouco é o lugar típico, pois o Cosmos é – em sua maior parte – vazio e, sendo assim, “o único lugar típico é o vácuo universal, frio e vasto, a noite interminável do espaço galáctico, um local tão estranho e desolado que, por sua comparação, planetas estrelas e galáxias parecem dolorosamente raros e adoráveis” (Blog Cosmologia II, nov.2011). De acordo com o professor, inseridos ao acaso no Cosmos, seria mínima a chance de nos descobrirmos em um planeta ou próximos a um deles  - a chance seria de uma em um bilhão de trilhão.
            A leitura de “As fronteiras do oceano cósmico”, bem como dos outros capítulos  de “Cosmos”, apresenta ao leitor a possibilidade de supor a imensidão do Cosmos e de perceber o real significado da vida humana dentro do universo. Somos um segundo, talvez menos que isso diante da vida de estrelas, de corpos celestes. Mas, embora minúsculos, somos, ainda assim,  o grande espetáculo do universo – a vida humana.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

VELEZ RODRIGUEZ, Ricardo.  Apostila de Cosmologia II. UFJF. Juiz de Fora, 2011.

________. Fim do mundo previsto pelos maias é um erro de interpretação. Cosmologia – Uma visão histórica. Disponível em: http://cosmologiai.blogspot.com. Acesso em 14 novembro 2011.


________. As fronteiras do oceano cósmico. Cosmologia – Uma visão histórica. Disponível em: http://cosmologiai.blogspot.com/2011/08/as-fronteiras-do-oceano-cosmico.html. Acesso em 14 novembro 2011.


Trabalho da disciplina de Cosmologia II, apresentado ao professor Ricardo Velez  pela aluna Ana Idalina Carvalho Nunes. ICH/UFJF, nov. 2011.

(Observem que eu ainda estava dando os primeiros passos na produção do texto científico, um texto raso, um pouco fraco  (risos)).




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